Relato Escalador Alexandre Membro Associação Pé na Agarra - Trip Cerro Catedral (Frey)

Trip Cerro Catedral (Frey)

Janeiro... legal começar o ano de pé direito, viajando, escalando, se aperfeiçoando, conhecendo gente, ainda mais em uma “Trip para o Frey” (Cerro Catedral) norte da Patagônia Argentina. Eu e mais três malucos Rafael, Gustavo e Daniel.

Saímos então dia 12 de janeiro com destino a cidade argentina de San Carlos de Bariloche que fica a aproximadamente 3400km de São bento do Sul, revezando a boléia e parando apenas para abastecer e comer e claro nos postos policiais, os quais queriam nos cobrar uma multa de 375 pesos (à vista com desconto de 25% ...rsrsrrssr) por estarmos com engate de carretinha ( que eu consegui sacar fora e não pagamos nada), chegamos em Bariloche dia 14 pela manhã, após umas 40 horas de estrada, ficamos o dia na cidade para comprar alimentos e alguns equipamentos que faltavam para nossa estadia no vale, no dia 15 pela manhã seguimos um pouco mais de 15km até as margens do “Lago Gutiérrez” para encontrar o Sr Pirincho proprietário dos cavalos que fazem o transporte de mantimentos para o Refugio, após despacharmos parte da carga seguimos em direção ao “Camping Lago Gutiérrez” que deixamos o carro e seguimos pela a trilha que leva ao “Cerro Catedral” ou simplesmente “Frey” um paraíso para os aficionados em escalada em rocha e caminhadas. Após 4:00 de caminhada pela trilha cercada por bosques de “Coihues, Alerces e Lengas” e de um visual mágico dos lagos e montanhas da região chegamos ao Vale do “Lago Toncek” no qual encontra-se o Refúgio de Montanha Emílio Frey, que fica aos pés da agulha Frey. Armamos acampamento no meio dos arbustos de Lengas que nos protegiam um pouco das rajadas de vento que costumam soprar dentro do vale.

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Dia 16, “chuva” limpava e chovia, que nos obrigou a ter um dia de descanso forçado, passamos o dia tomando um mate quentinho e jogando conversa fora.

Dia 17 amanheceu tudo branquinho de gelo.... uma friaca danada.... mas com um sol que nos garantiria um excelente dia de escalada, começamos pela via “Diedro de Jim” na Agulha Frey, via clássica do pico, fácil com sua graduação em 5 grau (graduação francesa) de duas cordadas, uma em um diedro de uns 35metros e a segunda em uma fenda meio em diagonal de mais uns 20 metros, alucinante. Pausa para um lanche e entramos em acordo que eu e o Daniel entraríamos na via “Sifuentes Weber-Monti” via de 4 cordadas mais ou menos 100 metros com a graduação em 5+ via “linda” entalamento de mão e dedos, regletes, agarras invertidas, lances em oposição show de bola com um visual espetacular e o Rafael fotografaria a nossa escalada. A noite fomos comemorar o primeiro dia de escalada no refugio tomando cada um uma cerveja (que custava 8 pesos cada, algo em torno de R$5,50 cada latinha).
Dia 18 o Daniel e o Rafael entraram na via “Nhaca Nhaca Crunch Crunch” na agulha “El Abuelo” via de aproximadamente 110 metros, clássica com cordadas muito bonitas também, com sua graduação em 5+, e eu e o Gustavo ficamos fotografando pelo Col na face oeste, escalaram também uma galera de brazucas muito “10” Wagner, Pedro, Ale e Gilsom.
Dia 19 combinamos de entrar na Normal da Agulha Principal, partimos logo pela manhã seguindo pela trilha que sobe o Col, passando por traz das Agulhas M2 e El Abuelo, depois de uma hora e meia de caminhada chegamos ao pé da “La Princi”, separa equipo come um lanche e bora pra cima, a primeira cordada era praticamente um trepa bloco até chegar em um platô, a segunda cordada saia em uma laca, com lances de entalamento, agarras e fazendo uma diagonal até outro platô, seguindo uns 10 metros pela direita até uma fenda começa a terceira cordada que sai com lances de entalamento até uma chaminé, passando por um lance chamado “Culo Del Pollo” ....chegando em um platô, depois de ganhar + alguns metros a esquerda em uma canaleta chega-se a base da ultima cordada esta em fixo com graduação de 6a, muitos mini regletes e lances de equilíbrio pois o granito é polido, finalmente o cume!!!! Um Condor nos acompanhava grande parte do tempo e ficou por alguns minutos nos rodeando após chegarmos ao cume nos proporcionando muitas fotos do símbolo dos Andes, depois de algum tempo curtindo a conquista da via e do visual incrível dos cerros a volta como o Cerro Tronador, Pico Agudo e Vulção Vila Rica entre outros começamos a descida de Rapel (parte mais tensa da escalada na minha opinião) após cinco cordadas de rapel e deixar um cordelete pra reforçar a ultima ancoragem chegamos a base novamente da Agulha Principal agora era só descer a trilha e chegar no acampamento para descançar, antes paramos para fotografar na Agulha M2 outros brazucas Chiquinho e Tomi de Curitiba mandando vias alucinantes como a “Socotroco” .

Dia 20 dia de praia ou melhor de lago, com um calor e precisando descansar para descer a trilha, ficamos lagarteando e batendo um papo nas margens do lago e matando os insuportáveis Tabanos (um tipo de butucas super nutridas) pela tarde resolvemos (eu e o Rafael) guiar a via Diedro de Jim, depois um sanduíche e um café pra comemorar as escaladas.

Dia 21 desarmamos o acampamento e começamos começamos o retornoe seguimos até o refúgio, lá conversamos com o Marcio Bruno escalador de São Paulo que voltava do Vale Encantado para mais escaladas no Cerro Catedral, depois de um papo começamos a descida de baixo de um sol escaldante, três horas depois chegamos ao camping, banho gelado e bora pra Bariloche, fazer cambio comprar umas lembrancinhas comer, avisar a família sobre o nosso retorno e pelas 22:00 saímos rumo ao Brasil.

Dia 22 e 23 na estrada, paramos em Carazinho e Passo Fundo para o Gustavo resolver alguns assuntos particulares e no inicio da tarde seguimos a Barra Velha para deixar o Daniel, depois Joinville para deixar o Gustavo e Campo Alegre o Rafael e pelas 23:00 cheguei novamente em São Bento do Sul.